... e contemplando o mar, de súbito, compreendi...
... de onde vim e para onde vou
nessa estrada que escolhi.
Venho do fácil e confortável.
Venho do cômodo, estética e detalhadamente
planejado.
Venho do conto de fadas onde sapos não
viram príncipes
pois lá, nesse lugar cor-de-rosa bebê,
eles nem sequer existem.
Venho do país do sorriso incessante,
esculpido em carne para aos outros agradar
sempre,
sempre.
Onde a liberdade é um sonho lindo
vivido por seres incríveis
aos quais devoto uma admiração quase apaixonada...
Onde a liberdade é desejada como um amor platônico -
um amor possível apenas à pássaros de outras bandas.
...
aos quais devoto uma admiração quase apaixonada...
Onde a liberdade é desejada como um amor platônico -
um amor possível apenas à pássaros de outras bandas.
...
Meu destino é simples.
Simples e profundo.
Caminho firme em direção à uma estrada de
chão barrento.
Vou descalça
para que o barro me penetre os dedos...
para que, das plantas dos meus pés, se
criem raízes.
Vou descalça nessa estrada
cujo fim é um abismo...
Um lindo abismo
de onde posso ver as mais lindas
paisagens...
...as mais belas cores....
O oásis onde os animais mais inusitados,
habitantes de minh´alma,
vêm beber o ar do desconhecido,
cantar o canto que ainda não nasceu
e dançar sob a luz da lua cheia.
Esse abismo
que é absolutamente meu.
Intransferivelmente meu.
Feito sob medida
para por à prova o meu apego
à gaiola dourada dentro da qual me empoleirei.
Feito sob medida
para por à prova o meu apego
à gaiola dourada dentro da qual me empoleirei.
E, parada diante dele,
com olhos mareados
de emoção e de dor,
com as raízes me cortando os pés
e se agarrando à terra úmida e fértil
do novo que se anuncia,
do novo que se anuncia,
sinto brotar das minhas costas,
dolorida e deliciosamente,
as tão sonhadas asas.
Embriagada de emoção e de amor,
de vazio e de dor,
me pergunto...
Saberei com elas voar?
E o vazio responde,
Soprando de mansinho no meu ouvido,
Sussurrando no meu coração:
Somente saberás
Se pular...
...(silêncio)...
...respiro profundo...
...e grito...
SIM!
...(silêncio)...
E o preço a se pagar pelo sim
gritado de dentro da alma?
A morte.
A bela morte invernal
que é sempre sucedida pela primavera...
...(silêncio)...
E o preço a se pagar pelo sim
gritado de dentro da alma?
A morte.
A bela morte invernal
que é sempre sucedida pela primavera...
Isabela Crema 16/10/13
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