...pensamentos, reflexões e transbordamentos do Ser que tomaram Vida e se derramaram no mundo...
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
...transbordei...
...em momento de poda...
...sonhando o re-florescer...
...que venha 2014 me banhando com as águas da aceitação, do contentamento, da gratidão... por tudo aquilo que foi e que não foi... por tudo que não pôde ser, pelo que será e também pelo que não será...
...que venha 2014 me ensinando o amor próprio... me ensinando a dizer não para o que me rasga por dentro... a dizer sim sem reservas para aquilo que me transborda... me ensinando a ter inteligência emocional, a ter paz-ciência nesse tempo em que o plantio já se foi mas ainda não é chegada a hora da colheita...
...que venha 2014... aprofundando a minha respiração... adubando a minha criatividade... me ensinando a ouvir cada vez mais o meu coração... a minha inspiração... a minha intuição...
...que venha 2014! Que chegue derrubando todas as paredes velhas que ainda não pude demolir... com Oyá soprando pra longe todos os apegos que caminham acorrentados à mim... abrindo espaço definitivo para que a arte me habite e me transpire por inteiro, soprando melodias nos meus ouvidos, brilhando cores em meu olhar, texturas novas em minhas mãos, fazendo bailar um tango a minha mente com o meu coração.
...que venha 2014 derretendo toda a minha rigidez e me tornando o templo sagrado da minha bendita criatividade... que chegue me trazendo a coragem para dar o salto necessário no abismo devorador das co-dependências, dos vícios, dos meus vadios internos que vivem a mendigar o amor alheio, dos padrões de tudo aquilo que é morto dentro de mim... que venha abrindo o meu corpo para um derramar profundo da minha alma e do meu amor no mundo...
...que chegue 2014, revelando definitivamente o oceano de amor que habita minh'alma, afastando do meu coração o medo da escassez e a crença de que preciso do amor alheio para me preencher, tão preenchida de amor que já sou sem nem saber.
...que chegue 2014 trazendo amores... e que eu saiba vivê-los inteira, sem mendicâncias, sem julgamentos, sem medos, sem projeções...
...e, principalmente, que venha 2014 trazendo, de tudo o que foi pedido até o presente momento, somente aquilo que for do meu merecimento.
...que venha 2014...
30/12/2013
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Louca?!
Ok já entendi.
Sou louca porque não acho normal passar horas de cada um dos meus dias dentro de um carro, entre deslocamento e engarrafamentos.
Sou louca porque não desejo um emprego que me gere a necessidade absoluta de férias pois, do contrário, haverá sério risco de pifar meu equipamento interno, e por não apenas querer levar meu filho para a escola à pé, mas ter nisso uma das minhas prioridades.
Sou louca porque quero ter tempo para plantar no meu jardim e porque não quero que a minha vida gire em torno do meu trabalho, mas que o meu trabalho gire em torno da minha vida.
Sou louca porque gasto cerca de duas horas para fazer compras para tentar garantir que não darei dinheiro para os grandes que testam em animais, usam mão de obra escrava, envenenam as pessoas e a terra com seus químicos e torturam animais em nome da produtividade.
Sou louca porque prefiro, ao sair de casa, dar de cara com um rio passando ou o com o cheiro do mar ou com uma estradinha de terra, do que com um pedaço de asfalto, carros e outros sinais da vida moderna.
Sou louca porque prefiro mil vezes mais ter uma pracinha onde encontrar os amigos à ter shoppings para passear no fim de semana.
E mesmo gostando muito de cinema, sou louca porque prefiro mil vezes mais morar em um lugar onde, no fim da tarde de qualquer dia da semana, as pessoas se encontrem, fogueiras sejam acesas e violas tocadas. Onde a atividade matinal possa ser nadar num rio ou surfar no mar ou caminhar na mata ou qualquer outra coisa que não seja ir para uma academia suar em conjunto puxando ferro ou correndo em esteiras rolantes.
Sou louca porque quero, um dia, conseguir produzir grande parte da minha própria comida, vestimenta e produtos de limpeza e higiene (sim, é possível!).
Sou louca porque acredito que a vida foi feita para se desfrutar a cada momento e não apenas nos fins de semana, férias e feriados e que todo dia pode ser dia de encontrar pessoas amadas, de costurar uma colcha, de tocar uma viola, de uivar para a lua, de mergulhar em alguma água, de bordar uma saia, de fotografar os pássaros e que isso tudo não me impede de ser uma pessoa produtiva, profissional, trabalhadora.
Sou louca por saber que desejar e sonhar isso tudo não faz de mim uma hippie adolescente e também por saber que esse é o estereótipo muitas vezes dado às pessoas que tiveram a coragem de seguir os seus sonhos por aquelas que, confinadas em seu belo e polido quadrado "bem na fita", se mordem de inveja por dentro.
Sou louca simplesmente porque, hoje, eu não aceito mais passar por cima dos meus sonhos e desejos para sair bem na foto, para agradar os outros nem para evitar conflitos.
Mas sou louca principalmente porque a mim foram dadas todas as oportunidades para ser uma madame, para ostentar, acumular, manter um padrão dito classe A, comer caviar em mesas requintadas com pessoas "poderosas" carregando uma bolsinha Victor Hugo e, no entanto, tudo o que mais quero é viver uma vida SIMPLES.
Simples assim.
Me desfazer do peso de tantas coisas acumuladas, de tantas máscaras sustentadas, de tantos compromissos engarrafados... mas, principalmente, me despedir da agradadora em mim - essa que tem por costume vender a minha alma em troca de sorrisos, aprovação, admiração...
E se isso tudo for realmente uma loucura, então realmente louca sou. Pois prefiro mil vezes ser uma louca feliz a ser uma bem-adaptada pessoa normal.
Posso até ser louca, mas não iludida. Pois sei, de dentro pra fora que, por mais que me queiram fazer acreditar que esta é a única forma de se viver, eu sei que neste mundão de meu Deus existem infinitas de se viver.
E, louca ou não, eu encontrarei a minha.
Essa é a promessa que agora faço à minha própria alma.
23/10/2013
Legenda da foto "Algumas vezes a coisa mais difícil e a coisa mais correta a se fazer são a mesma coisa"
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
...abismo...
... e contemplando o mar, de súbito, compreendi...
... de onde vim e para onde vou
nessa estrada que escolhi.
Venho do fácil e confortável.
Venho do cômodo, estética e detalhadamente
planejado.
Venho do conto de fadas onde sapos não
viram príncipes
pois lá, nesse lugar cor-de-rosa bebê,
eles nem sequer existem.
Venho do país do sorriso incessante,
esculpido em carne para aos outros agradar
sempre,
sempre.
Onde a liberdade é um sonho lindo
vivido por seres incríveis
aos quais devoto uma admiração quase apaixonada...
Onde a liberdade é desejada como um amor platônico -
um amor possível apenas à pássaros de outras bandas.
...
aos quais devoto uma admiração quase apaixonada...
Onde a liberdade é desejada como um amor platônico -
um amor possível apenas à pássaros de outras bandas.
...
Meu destino é simples.
Simples e profundo.
Caminho firme em direção à uma estrada de
chão barrento.
Vou descalça
para que o barro me penetre os dedos...
para que, das plantas dos meus pés, se
criem raízes.
Vou descalça nessa estrada
cujo fim é um abismo...
Um lindo abismo
de onde posso ver as mais lindas
paisagens...
...as mais belas cores....
O oásis onde os animais mais inusitados,
habitantes de minh´alma,
vêm beber o ar do desconhecido,
cantar o canto que ainda não nasceu
e dançar sob a luz da lua cheia.
Esse abismo
que é absolutamente meu.
Intransferivelmente meu.
Feito sob medida
para por à prova o meu apego
à gaiola dourada dentro da qual me empoleirei.
Feito sob medida
para por à prova o meu apego
à gaiola dourada dentro da qual me empoleirei.
E, parada diante dele,
com olhos mareados
de emoção e de dor,
com as raízes me cortando os pés
e se agarrando à terra úmida e fértil
do novo que se anuncia,
do novo que se anuncia,
sinto brotar das minhas costas,
dolorida e deliciosamente,
as tão sonhadas asas.
Embriagada de emoção e de amor,
de vazio e de dor,
me pergunto...
Saberei com elas voar?
E o vazio responde,
Soprando de mansinho no meu ouvido,
Sussurrando no meu coração:
Somente saberás
Se pular...
...(silêncio)...
...respiro profundo...
...e grito...
SIM!
...(silêncio)...
E o preço a se pagar pelo sim
gritado de dentro da alma?
A morte.
A bela morte invernal
que é sempre sucedida pela primavera...
...(silêncio)...
E o preço a se pagar pelo sim
gritado de dentro da alma?
A morte.
A bela morte invernal
que é sempre sucedida pela primavera...
Isabela Crema 16/10/13
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
. . . relembrando para não mais esquecer . . .
. . . sentindo a alma reencontrando o caminho
dos transbordamentos de alegria,
de amor e de emoção . . .
. . . sentindo a força da VIDA dentro de mim crescer
para além dos meus medos . . .
. . . redescobrindo que, para o meu Ser,
a dança, a música, a arte,
o ser-tão-natureza,
é que dão Vida à minha vida . . .
. . . porque dançar derrete e faz fluir
tudo aquilo que os meus descuidos e negações
transformaram em pedras dentro de mim . . .
. . . porque a dança e a música
é que fazem florescer a primavera dentro de mim . . .
. . . porque são elas que dissipam as nuvens
que cobrem o SOL do meu entusiasmo,
da minha alegria-de-viver . . .
. . . porque esse par cósmico
é que faz res-pirar a minha alma . . .
Resta, dentro de mim, uma pergunta apenas:
como é que um dia pude me esquecer?
Isabela Crema, 09/09/2013
...reverberações pós dançaterapia...
sexta-feira, 22 de março de 2013
Eu-Natureza
Sempre achei muito sintomático o fato de falarmos "da"
natureza na terceira pessoa. Como se "ela" estivesse fora de nós... Como
se não nos dissesse respeito... Como se nela pudéssemos entrar e sair...
Nos referimos à esta estranha entidade, misteriosa e perigosa,
como se os elementos que constituem os nossos corpos fossem diferentes dos que
habitam os coelhos e os lobos, as frutas e árvores, as conchas do mar e as
gaivotas, as formigas e peixes, as cavernas e os oceanos...
Como se a água dos nossos corpos fosse diferente das que
correm nos rios, brotam das nascentes e despencam do céu nas tempestades...
Como se o sal das nossas lágrimas fosse diferente do sal do mar... como se os
nossos ossos fossem compostos de outros elementos que não os presentes nas grutas
calcárias, nas pedras e rochedos... Como se o nosso sangue fosse diferente do
sangue dos lobos, dos tamanduás, dos beija-flores, dos peixe-bois, dos
golfinhos e dos macacos. Como se o ar que respiramos fosse diferente daquele
produzido pelas árvores, plantas e algas marinhas e que sustenta a vida de
todos os outros animais desta terra.
É tão simples... quando eu morrer meu corpo adubará os
campos... adubará os campos após alimentar uma infinidade de pequeninas vidas
que, do alto na nossa arrogância humana, consideramos inferiores...
pequeninas vidas "inferiores" capazes de manter o equilíbrio do
sistema vivo do qual fazemos parte para que possamos curtir a beleza dessa
vida... ou nos empenharmos em nos separar daquilo que somos enquanto destruímos
a casa que é a nossa própria, sem nem saber.
E ainda nos gabamos de sermos o topo da cadeia alimentar...
Acreditando que evolução é estar separado e distante da terra, pisando em chãos
de acrílicos com solados de borracha, entupindo e viciando nossos sentidos com
aromas, imagens, sabores e sensações plásticas e artificiais. Ensurdecendo
nossos ouvidos com ruídos mecânicos que impedem que a melodia da vida nos
penetre a alma...
Falar da natureza na terceira pessoa é atestar que estamos
adormecidos para o fato de que SOMOS natureza... É consentir na coisificação de
tudo o que sustenta a nossa vida, pois para que consigamos destruir algo é
preciso, primeiro, que não nos sintamos
parte deste algo. Pois como eu destruiria o meu próprio corpo, a minha própria
casa, a minha fonte de nutrição e saúde, sendo uma pessoa sã?
Acreditarmos na ilusão de que somos separados foi o que nos
permitiu escravizar-nos uns aos outros. É o que nos autoriza internamente a
usar outras pessoas e animais, a destruir nossas florestas e sistemas naturais,
a jogar bombas de um avião em alguma cidade de outro país...
A natureza não existe. Essa estranha forasteira que, por ser
outra e não eu mesma, pode ser vendida, extorquida, humilhada, devastada e explorada simplesmente não existe.
O que existe é o fato de que tudo o que fazemos com este “outro”,
fazemos à nós mesmos pelo simples fato de esse outro ser apenas um fruto da
nossa imaginação. Cedo ou tarde, tudo o que causamos “lá fora” baterá na nossa
porta. Cedo ou tarde, tudo o que plantamos há de vingar!
Não existe a natureza.
O que existe é EU-NATUREZA.
O que existe é EU-NATUREZA.
Isabela Crema 22/03/2013
segunda-feira, 4 de março de 2013
Ser-Mulher
Ser-Mulher
Sou mulher e, como uma
verdadeira representante da minha patota nestes tempos em que vivemos, ora
sofro do complexo “dou conta de tudo, tudo, tudinho, agora mesmo!”, ora sofro
do complexo “chega! Não quero mais nada! Faça você (quem quer que seja – de
preferência um homem) todo esse tudo, tudo, tudinho”!
Vivo transitando entre
os extremos super-mulher-toda-poderosa e a sobrecarregada-reclamona-meleca-de-nada.
É isso: fomos tanto
tempo aprisionadas, caladas, amordaçadas, castradas, mandadas, que tivemos que
lutar bravamente pela nossa liberdade... mas, coitadas de nós, fomos logo
acreditar que liberdade é assumir todos os papéis de importância na sociedade
(provedora, super-mãe, trabalhadora) sendo ainda linda, sexy, esbelta, gostosa,
sempre funcionando no modo “pode vir quente que eu estou fervendo”.
No meio desse caminho-torto,
descobrimos que as outras de nós eram também competidoras pelo tão sonhado
troféu mulher-bem-sucedida-independente-rica-criativa-supermãe-linda-gostosa-sexy-e-ativa.
E, quando nos demos
conta de quantas éramos, não hesitamos em concluir, no fundinho escuro de nós
mesmas, de que era preciso competir! Era preciso ser mais e mais e mais para
ser A MELHOR e ganhar o troféu do reconhecimento social e, quem sabe, de
quebra, ser convidada para posar na playboy.
Já ouvi dizer que
“assim caminha a humanidade”. Pois eu discordo. Eu digo que “assim caminhou a
desumanidade”.
Quando ainda estava
perdida no meio desse caminho-torto, lembro de sentir, lá no profundo (talvez
do meu útero), um desejo enorme de pertencer à um grupo de amigas – coisa que
nunca havia tido pois, sendo todas competidoras pelo mesmo prêmio, preferi
sempre me refugiar junto aos homens.
Pois que a Vida, que é
viva e acolhe os nossos desejos verdadeiros mais profundos, foi, aos poucos (e
na medida em que eu despertava do pesadelo do caminho-torto), me presenteando
com indivíduos desta espécie feminina, tão raras, tão lindas, tão belas, tão
únicas, tão inspiradoras, tão brilhantes, que partes até então adormecidas do
meu ser começaram a desabrochar por pura ressonância...
E, pouco a pouco, esse
clã feminino (sim, é muito mais que um grupo, é um clã) foi acontecendo e, como
é da nossa natureza feminina mais essencial, o acolhimento e a busca pela
beleza verdadeira, ele permanece sempre aberto às novas cores e aromas e
infinitudes humanas possíveis e impossíveis.
Então eu descobri...
Que a palavra AMIGA, segundo
minha própria teoria de pensamentos cá com meus botões, foi construída desta
forma, tão bem-pensadamente, pois carrega, na frente de TUDO, o AMor!
Que mulheres, para
serem saudáveis, precisam umas das outras para deitar no colo e chorar de dor...
e para cair no chão de tanto rir... rir, rir, rir... gargalhadas de bruxas
felizes, poderosas, unidas e, portanto, sãs!
Que mulheres, quando
se encontram verdadeiramente, desbloqueiam todos os entupimentos de alma com as
ferramentas do riso, da alegria, do acolhimento, dos beijos e abraços mágicos e
elevadores da alma!
Que, na matilha (matilha
sim, pois também somos lobas!), a força do feminino-de-milhões-de-face autoriza
que sejamos assim como somos, com todas as nossas belezas e todas as nossas
pequenezas, sem nada excluir.
Que ter a permissão de
ser tudo o que se é perante as outras é uma das coisas mais libertadoras e
deliciosas que existe!
Que ter alguém com
quem gargalhar de si mesma, das suas próprias mazelas, e ainda assim sentir-se
totalmente acolhida e confiante do respeito com o qual é tratada a sua própria
dor, é algo impagável e indispensável à saúde feminina!
Que, na matilha, somos
LINDAS por sermos do tamanho que somos – o tamanho do aqui e agora, não
importando a numeração da calça, o tamanho do sutiã, o peso da balança ou a
marcação na fita métrica...
Porque AMiga é mestra
na arte de adivinhar risos e lágrimas e, principalmente, mestras na arte de
extrair a flor da dor.
Porque AMiga derrete
as ânsias e alimenta os anseios por uma vida plena de alegria, plena de
humanidade e simplesmente feliz!
Isabela Crema 20/08/2012
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