segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Ladrão de Máscaras



Sempre Khalil Gibran...

"Um dia, muito antes de muitos deuses terem nascido,
 despertei de um sono profundo e notei 
que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas
 – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – 
e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, 
um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: 
“É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. 
E então o sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua,
 e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, 
e não desejei mais minhas máscaras. 
E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos 
os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

Assim tornei-me louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança 
em minha loucura: a liberdade da solidão 
e a segurança de não ser compreendido,
 pois aquele que nos compreende 
escraviza alguma coisa em nós".

Gibran Khalil Gibran


Um comentário:

  1. Sempre certeiro! Me inspirei com sua inspiração e vou exalar esse poema também!
    bjssss

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